José Luís Galvêas destaca a expectativa de retomada do mercado imobiliário
“Tivemos oportunidade de ver pessoas na Galwan com um potencial solidário fora do comum, para tudo. Buscando solucionar as coisas pensando na pessoa, não pensando no negócio”
Por Luciana Coelho
A solidariedade dentro da Galwan e o empenho para proteger os trabalhadores do vírus e não demitir ninguém foi fundamental para minimizar os impactos da crise e dar sequência a obras e lançamentos.
Nessa entrevista, o engenheiro e fundador da Galwan, José Luís Galvêas Loureiro, fala das ações de enfrentamento à pandemia, da mudança de comportamento do consumidor, das lições aprendidas com a crise e das boas expectativas do mercado imobiliário.
“Acredito que quando a pandemia for controlada, e creio que isso só acontecerá na hora que tiver vacina ou então garantia de um remédio eficaz, o melhor setor da economia para se apostar é o imobiliário”, afirma.
Ele cita a estabilidade dos juros baixos, o déficit habitacional no Brasil e a solidez do investimento em imóveis como fatores favoráveis ao mercado. “Nossos estoques estão baixos, pois em nenhum momento paramos de vender. Estamos agindo para reabastecer o estoque, oferecendo novas oportunidades para os nossos condôminos”.
A pandemia mudou os planos de muitas empresas. Que mudanças ocorreram na Galwan?
Agimos rápido para preservar a saúde dos empregados, colocando o pessoal do escritório em home-office e dando férias coletivas nas obras, já que a construção civil ficou fora da quarentena e não estávamos estruturados. Durante os 20 dias de férias, nos antecipamos até mesmo a decisões do Ministério do Trabalho e mitigamos maiores prejuízos no andamento das obras. Com isso, conseguimos dar segurança sanitária aos trabalhadores, preservar empregos e manter os lançamentos, apenas alterando o cronograma devido a atrasos em documentos por causa do momento.
Que lições a Galwan tira desse momento?
Vou colocar uma visão muito importante, que não vem só dessa crise. Primeiro: a importância da solidariedade. Tivemos oportunidade de ver pessoas na Galwan com um potencial solidário fora do comum, para tudo. Buscando solucionar as coisas pensando na pessoa, não pensando no negócio. Isso foi importante. Não chega a ser uma lição, mas eu vi dentro da Galwan muitas pessoas arregaçando as mangas e demonstrando uma defesa contundente em relação à proteção da vida dos empregados.
Também houve um cuidado com as pessoas dos grupos de risco. Os mais novos pediram para os mais velhos ficarem em casa e se comprometeram com o trabalho. Isso aconteceu nas obras, na Galwan Imobiliária e até comigo, que tenho 66 anos. As pessoas da Galwan não me deixaram ir trabalhar. Eu poderia, em um olhar pessimista, pensar que as queriam me ver longe, mas o que senti foi o contrário, um carinho, uma coisa assim. O mesmo carinho e preocupação que minha esposa e meus filhos tiveram comigo. Isso foi muito legal, muito gratificante, e eu essa solidariedade interna incluía tanto os funcionários das obras como pessoas da própria diretoria. Empresas são pessoas.
Já está havendo uma mudança de comportamento de quem busca um imóvel para morar?
As pessoas ficaram isoladas e passaram a perceber o valor da própria casa, os cuidados e as necessidades. Muitos estão buscando projetos para reformas e adequações. Outros, mas radicais chegaram à conclusão que era hora de buscar um outro imóvel, mais novo, ou maior, ou com outras características.
Numa situação dessa de pandemia, as pessoas querem um refúgio. Isso aumentou muito a procura por lotes, por casas, inclusive nas montanhas capixabas. Foi onde o mercado imobiliário mais valorizou. Há uma mudança de comportamento das pessoas em relação ao que querem para si. As empresas têm que estar antenadas nisso.
O que a Galwan estuda fazer para atender essa demanda?
Percebemos uma demanda muito grande sobre os lotes do Riviera (Riviera Park Residence, na Barra do Jucu). As pessoas queriam comprar os lotes, mas se a Galwan construísse a casa. Colocamos então mais um serviço no cardápio. É como se fosse um condomínio de um único condômino, com projeto e especificações. A pessoa compra o lote e já tem a garantia que a Galwan vai construir a casa para ele dentro do que foi projetado. Há também demanda por apartamentos novos. Nossos lançamentos estão mantidos e são promissores. Além disso, continuamos recebendo ofertas de terrenos. A Galwan é muito criteriosa com relação aos terrenos, principalmente com a localização e o aproveitamento que se pode dar ao terreno. Continuamos abertos a recepcionar novos negócios. Lógico que tudo dentro de um cronograma.
Como está o mercado para quem busca um imóvel para investir?
Estamos com os estoques de baixos, pois em nenhum momento parou de vender e logicamente os estoques diminuíram. A gente tem que se apressar para reabastecer o nosso estoque, oferecendo novas oportunidades para os nossos condôminos. Nesse modelo nosso de obra a preço de custo – eu posso dizer isso fundamentado no tempo que estamos no mercado, mais de 35 anos – quase todos os imóveis da Galwan, com cinco anos de lançados, dobraram de preço. Então acredito que passada a crise imobiliária, e depois quando ia começar a retomar entrou o coronavírus, a retomada está ali, pressionada, e não tem jeito.
Mesmo depois do coronavírus, a retomada é certa?
O mercado imobiliário vai retomar porque ele é uma grande opção para o momento de estabilidade de juros baixos. No mundo inteiro, em qualquer mercado. O Brasil ainda é muito incipiente no sentido de usar o mercado imobiliário como alavancagem de prosperidade, de negócios, de transferência de renda. Tudo isso é muito positivo e está em linha com o que o governo quer, com o que a sociedade deseja.
O déficit habitacional que existe no Brasil, aliado a esse grande período onde os imóveis ficaram ali, congestionados, e se analisar em termos de inflação os lotes até perderam preço, então realmente está em ponto de explodir. Mas como vai acontecer essa explosão? Não vai ser uma repentina, por que imóvel é um produto caro, então não depende de querer comprar, precisa poder comprar, ter os recursos.
Acredito que quando sairmos dessa crise, e creio que isso só aconteça na hora que tiver vacina ou então garantia de um remédio eficaz, o melhor setor da economia para se apostar é o imobiliário.
Que lições o cidadão José Luís tirou dessa pandemia?
Como cidadão, eu vi um mundo onde faltou infraestrutura para atender a saúde em um evento excepcional. Embora a gente tenha no Brasil o SUS, que se mostrou melhor do que muitos países que não têm plano de saúde pública, vimos que vale a pena investir em saúde. Eu comparo isso à defesa de um país. Países gastam fortunas em defesa para uma guerra e essa crise mostrou que um vírus pode ser muito mais arrasador que uma bomba, um caça. É preciso se proteger com relação a novos vírus, novas crises de saúde.
Investir em saúde pública é também investir na defesa, no sentido das pessoas se sentirem seguras. Uma pessoa que faz um plano de saúde pode nunca usar, mas ela paga a prestação sentindo a segurança do futuro. A gente precisa que a população sinta essa segurança no futuro. Como cidadão, eu gostaria que essa crise deixasse como legado a consciência do quanto falta de infraestrutura na saúde.